O analista
e gestor de empresas, Jaime Langa, diz que recuar na decisão tomada pelo Banco
de Moçambique (BM) de intervencionar o Moza atribuindo 80% de acções ao seu
Fundo de Pensões, Kuhanha, seria um erro estratégico. Mais do que isso: um
escândalo ao mercado financeiro moçambicano.
Jaime
Langa, que não ignora os aspectos éticos e legais apresentados pela Comissão
Central de Ética Pública, defende a tese de bem superior. Para ele, perante a
incapacidade declarada de muitos agentes financeiros e bancários do país e a
falta de integridade dos poucos que se apresentaram, nada restava senão uma
decisão difícil. Era, antes, uma acção racional do que deixar o banco na gestão
de capitais de origem duvidosa que, segundo Rogério Zandamela, podiam trazer
problemas no futuro.
Entretanto,
a bem da economia nacional, irracional seria que, de forma cúmplice, o Banco de
Moçambique compactuasse com a morte biológica de um banco sem esgotar as
soluções possíveis dentro do país.
Assim, na óptica
de Jaime Langa, tendo em mente o “bem superior”, o Banco Central optou por uma
decisão que sabia de antemão que não era consensual, mas que se denotava
segura, responsável e transparente. Ademais: um aspecto de gestão que poupava o
sistema financeiro nacional de dilatar o caos que já era patente com a queda do
Nosso Banco e outras instituições empresariais do país.
Com todos
estes cenários e ponderações, o analista entende que seria um erro crasso se o
Banco Central resvalasse na sua decisão. Aliás, Langa acredita que se possa
encontrar uma forma de corrigir as partes negras levantadas pela Comissão
Central de Ética Pública sem precisar de dar passos para trás.
“Deve se encontrar uma forma, mas não se deve recuar, pois seria um grande
escândalo para o mercado financeiro moçambicano”.
De acordo o
nosso interlocutor, a melhor forma de compreender o espírito da decisão tomada
pelo Banco Central é imaginar o que aconteceria se o BM, na sua qualidade de regulador,
não intervencionasse o Moza.
“Estaríamos numa situação em que um dos grandes
intervenientes no mercado financeiro teria sido isolado. Isso não é bom para o
próprio mercado financeiro (…) Teríamos um grande recuo na vontade dos
depositantes em continuar a correr atrás dos bancos. Teríamos uma grande
percentagem de clientes a retirarem as suas poupanças dos bancos para outras
formas de poupança.”
Assim, a
perda da credibilidade do sector financeiro, a retracção dos depositantes e o
agudizar da crise económica que o pais vive, teria sido piores sido factores piores do que qualquer cenário
que podemos imaginar originado pela violação de questões éticas apontas pela
comissão com mesmo nome.
Por fim, o
antigo gestor municipal e membro directivo na Sociedade do Notícias indaga-se: Afinal,
a quem beneficia “pretender que o Banco de Moçambique recue na sua decisão? À sociedade?
Ao mercado financeiro? Aos clientes do Moza Banco? Será bom para os accionistas
do Moza Banco?”
Assim, Jaime Langa esgota o seu raciocínio
defendendo que: “O Banco de Moçambique tomou uma decisão - independentemente da sua ineficiência no ponto
de vista legal - olhando para a
estabilidade social, do mercado financeiro, de toda a conjuntura da crise
económica, que iria se agudizar caso o Moza Banco deixasse de existir”.
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